Turing e as máquinas pensantes: Como o futuro está se preparando para os robôs conscientes

Wednesday, 12 de January de 2022


Será mesmo possível que um dia robôs possam adquirir a capacidade de pensar por si próprios e serem conscientes da sua própria existência? Esse futuro, um tanto distante, tem dividido a comunidade científica. Alguns acreditam que robôs jamais serão capazes de imitar a capacidade da inteligência humana, entretanto, outros cientistas e futuristas como o empreendedor Elon Musk e o co-fundador da Singularity University, Raymond Kurzweil, acreditam que a singularidade tecnológica está próxima, momento irreversível no tempo onde os robôs serão tão inteligentes e conscientes que irão superar os humanos.

Pensar que um dia robôs possam ultrapassar a inteligência humana é assustador. Entretanto, essa possibilidade tem se aproximado cada vez mais para se tornar real. Por meio da inteligência artificial e suas subáreas como o machine learning e deep learning, cientistas têm alcançado o objetivo de tornar robôs mais inteligentes, emotivos e conscientes. A citar destaca-se a criação japonesa do robô humanoide Pepper, primeiro robô com capacidades de reconhecer expressões faciais humanas, compreender sentimentos, reconhecer tons de voz e dessa maneira interagir com humanos.  O robô Pepper é uma das apostas dos japoneses como alternativa para o cuidado de idosos, uma vez que, a população da terceira idade no Japão tem superado a taxa de natalidade e apresentam uma alta expectativa de vida. Assim como, cientistas do Instituto Politécnico Rensselaer, nos Estados Unidos, também foram capazes de criar um robô consciente capaz de refletir sobre seus atos.  

Alguns desses robôs inteligentes já fazem parte do nosso cotidiano. Eles têm contribuído na melhoria de sistemas de saúde, finanças, sistema de mobilidade urbana, buscas na internet baseado no gosto pessoal, é o caso dos assistentes virtuais como a Siri da Apple, Alexa criado pela Amazon e o google assistant, waze, sistema AI da Netflix e youtube.



                                          Imagem: Alan Turing

O início das máquinas pensantes ocorreu em 1950 por Alan Turing, um dos maiores matemáticos e cientista da computação, Turing é considerado hoje pai da ciência da computação, pois contribui significamente para o avanço e desenvolvimento dessa ciência. Durante a Segunda Guerra Mundial, Alan Turing ajudou a nação inglesa a derrotar os nazistas por meio da decodificação da máquina Enigma. Apesar de por muitos anos seus trabalhos não serem reconhecidos. As contribuições de Turing perante o mundo foi muito relevante, é devido as suas realizações que hoje nos beneficiamos da tecnologia dos computadores e smartphones. Sua história ficou mundialmente famosa pelo filme “O jogo da imitação”.

 

        Imagem: Cena do filme O jogo da Imitação


Alan Turing foi o primeiro a cogitar a possibilidade de no futuro haver a existência de máquinas capazes de pensar e de serem inteligentes. Apesar de não ter sido o criador do termo Inteligência Artificial ou AI, também é atribuído a ele, a criação das inteligência artificiais. Turing desenvolveu um teste que ficou mundialmente famoso e é utilizado até hoje, conhecido como teste de Turing. 

No teste de Turing um humano (Interrogador) deve se comunicar por texto em um ambiente separado com um computador ou com um outro humano. O interrogador deve ser capaz de descobrir com quem ele está falando, se é um humano ou máquina. Caso o interrogador não descubra, significa que a máquina passou no teste de Turing e, portanto, assume que o computador tem uma inteligência artificial.

             Imagem: Teste de Turing




Apesar da inteligência artificial está contribuindo para a formação de máquinas conscientes e pensante. Essa realidade pode ainda está distante. Uma vez que, a consciência ainda não é compreendida pela comunidade científica, sendo portanto, um tema de grande interesse e amplamente discutido pelos estudiosos. 

O cientista Gerald Edelman propôs que a consciência está formada por dois tipos principais, a consciência primária e a consciência secundária. A consciência primária está presente em humanos e animais, ela é formada por fatos concretos, nos quais as habilidades de percepção, emoção e aprendizado por reforço estão envolvidas. Nesse tipo de consciência, o indivíduo é capaz de aprender por estímulos repetidos e assim adquirir consciência para tomada de decisão. Isso é o que ocorre em humanos, animais, e pode acontecer com os robôs. Uma vez que, estes, estão sendo treinados para  aprender por meio de técnicas de machine learning e assim tomar decisões.

Já a consciência secundária está relacionado a aspectos abstratos de percepção e questionamento da própria existência e as complexidades ao seu entorno, bem como capacidade de criação. Esse tipo de consciência é apresentada apenas em humanos e os cientistas ainda não sabem ao certo como ela está organizada, seus aspectos anatômicos e fisiológicos, acredita-se que é um sistema mais complexo de aprendizado. Talvez esse tipo de consciência que nos separa dos animais, não seja alcançada pelos robôs. 

A consciência tem sido estudada por meio de técnicas capazes de investigar o cérebro em seu funcionamento, como é o caso do EEG, NIRS e fMRI. Cientistas por exemplo, tem utilizado técnicas de EEG para admitir a presença de consciência em pacientes em estado vegetativo. O estado vegetativo era caracterizado na medicina como  uma condição no qual o indivíduo que emerge do coma não apresentava sinais de consciência, sendo portanto, incapazes de reagir a estímulos e por isso eram considerados “mortos vivos”. Entretanto por meio do eletroencefalograma ou EEG e fMRI pesquisas mostram que pacientes em estado vegetativo ao serem pedidos para imaginar mover mãos e pés, as áreas do córtex motor são ativadas da mesma maneira que nos grupos controles de pacientes saudáveis. Isso justifica a presença de consciência nesses indivíduos. 
Apesar do futuro distante onde robôs se tornarão conscientes. Os robôs e os sistemas inteligentes tem ajudado melhorado a vida humana.


Referência:

[1] Como a inteligência artificial poderia acabar com a Humanidade - por acidente. Retirado de: https://www.bbc.com/portuguese/geral-50228913


[2] Emotional' robot sells out in a minute. Retirado de:

https://edition.cnn.com/2015/06/22/tech/pepper-robot-sold-out/index.html


[3] A mind to go out of: Reflections on primary and secondary consciousness. Allan Hobson, Ursula Voss. ScienceDirect 2011. Retirado de: 

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20965750


[4] Have Robots Achieved Consciousness? Retirado de: 

https://towardsdatascience.com/hybrid-humans-and-conscious-robots-2a00bca1f509


[5] Editorial: Consciousness in Humanoid Robots. Antonio Chella, Angelo Cangelosi, Giorgio Metta and Selmer Bringsjord. Frontier in Robotic and AI. Retirado de:

 https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/frobt.2019.00017/full


[6] Eletroencefalograma pode detectar se paciente em estado vegetativo está consciente. Retirado: https://veja.abril.com.br/ciencia/eletroencefalograma-pode-detectar-se-paciente-em-estado-vegetativo-esta-consciente/


[7] Engenheiro explica como desenvolveu um robô consciente das próprias ações. Retirado de: https://exame.abril.com.br/ciencia/engenheiro-explica-como-desenvolveu-um-robo-consciente-das-proprias-acoes/

[8] Esqueça 2016 e comece a fazer planos para 2099. Retirado de: 

 https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/ciencia/1451492115_324965.html



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Autor:

Tassia Nunes

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