Ah, o celular! Redes sociais, ouvir música, conversar no whatsapp, fazer vídeo no tiktok... muitos dizem que o smartphone já faz parte do nosso corpo, é algo que não conseguimos mais ficar sem e ficamos horas e horas mexendo. O uso excessivo pode causar danos ao nosso cérebro?
Fonte: VIX
Nos dias atuais, infelizmente o smartphone virou uma tecnologia não apenas de lazer, mas também de dependência. Almoçamos no celular, deixamos de conversar com as pessoas nas nossas frentes para ficar no celular e tem gente que até toma banho com celular! Esse uso descontrolado do celular pode trazer consequências como problemas ortopédicos (má postura, por exemplo), dores de cabeça, insônia, problemas psicológicos, complicações oculares, etc
Além disso, um estudo realizado recentemente apresentou informações sobre os mecanismos cerebrais subjacentes ao uso viciante do celular, onde foi encontrado evidências de atividade neural alterada entre usuários compulsivos de smartphones. Pesquisas recentes já demonstraram semelhanças comportamentais do uso exagerado dessa tecnologia a outros distúrbios viciantes e , assim, o trabalho citado visa investidar essa atividade neural.
Através da ressonância magnética funcional (fMRI), foi investigado a atividade cerebral relacionada com a dependência de smartphone, considerando escalas psicométricas válidas. A reatividade é baseada em mecanismos de condicionamento no qual os estímulos realizados , ao decorrer do tempo, são fortemente ligados a circuitos recompensadores. Essa reatividade pode causar a execução de atos comportamentais que podem levar ao vício. Já se tem conhecimento sobre a reatividade para outros vícios, mas ainda não possui nada relacionado a atividade neural da reatividade com o uso de smartphones.
Mesmo sem relatos mais claros, já foi possível observar diferenças na atividade neural em regiões do cérebro como o córtex cingulado anterior, o giro frontal inferior e o córtex pré-frontal medial, além da diferença na atividade neural entre os grupos que tinham o celular ligado e os que não tinham. Foi possível observar a atividade aumenta em partes do cérebro que processam saliência e atividade cerebral diminuída em áreas relacionadas ao controle cognitivo, por exemplo.
Figura: Vermelho: Regiões correlacionadas com SPAI escore de comprometimento funcional; Verde: regiões que se correlacionam com o escore de comportamento compulsivo do SPAI ( Schmitgen, 2020)
Como falamos, foi observado padrões neurais semelhantes de reatividade em relação aos outros distúrbios de dependência, como o uso de substâncias. Mas, a pesquisa ainda apresenta limitações como o tamanho modesto da amostra e a quantidade de informações a parâmetros avaliados. Entretanto, é importante ligar o alerta.
Os resultados não significam que o uso do smartphone é realmente um distúrbio viciante, até porque ainda não existe um diagnóstico específico, mas as características biopsicossociais (como a saliência) pode aumentar a probabilidade de um comportamento viciante. Sendo assim, é de extrema importância ficar atento quanto ao uso do celular.
O uso do celular tem que ser visto como uma ferramenta de lazer ou de trabalho, mas não como algo que altera as nossas atividades do dia a dia, no qual preferimos conversar com alguém que está no celular enquanto tem alguém na nossa frente, deixar de sair ou fazer coisas que gosta porque está no celular. Tudo, em excesso, pode causar danos!
Referências
Schmitgen, M. M., Horvath, J., Mundinger, C., Wolf, N. D., Sambataro, F., Hirjak, D., & Wolf, R. C. (2020). Neural correlates of cue reactivity in individuals with smartphone addiction. Addictive Behaviors, 106422.
Montag C, Wegmann E, Sariyska R, Demetrovics Z, Brand M. How to overcome taxonomical problems in the study of Internet use disorders and what to do with "smartphone addiction"? J Behav Addict 2019:1-7
Kuss DJ, Pontes HM, Griffiths MD. Neurobiological Correlates in Internet Gaming Disorder: A Systematic Literature Review. Front Psychiatry 2018; 9:166
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