Você já imaginou se existe alguma influência do nosso sistema imune na nossa sensação de prazer e até que ele possa nos levar a alguns vícios, como o alcoolismo?
O vício em bebidas alcóolicas vem cada vez mais se tornando um problema tanto social, para o indivíduo quanto econômico, para o estado e o próprio indivíduo, já que dados da OMS mostram que já são 3,3 milhões de mortes por ano no mundo por essa causa. Mas como será que esse vício se inicia?
Para responder essa pergunta, pesquisadores fizeram uma pesquisa em ratos e em humanos. Nos experimentos com ratos, existiam dois grupos onde para o grupo controle era dado duas garrafas com água e o outro grupo onde era dado 1 garrafa com água e outra com 10% de álcool etílico diluído em água e depois submetidos ao protocolo de imunoistoquimica. Já nos experimentos em humanos, existia um grupo controle de indivíduos saudáveis que não consumiam álcool e outro grupo de pacientes que estavam procurando tratamento para o alcoolismo, esses grupos eram submetidos a um escaneamento cerebral uma vez por semana, durante 3 semanas. Esse escaneamento também poderia ser feito através de eletroencefalograma (EEG) ou FNIRS.
Nos resultados, foi visto que o álcool altera a anatomia de algumas regiões cerebrais, principalmente da substância cinzenta (figura) e isso pode ser um fator que ajude a aumentar o seu grau de dependência.
Isso ocorre, pois, o álcool causa a ativação da micróglia (células de defesa) e isso pode levar a alterações na bioquímica das células e na mudança estrutural dessas áreas. Essas mudanças podem ajudar na propagação de substâncias, que antes do consumo do álcool eram controladas, como dopamina (relacionada ao sistema de recompensa). Esse aumento na dispersão de neurotransmissores relacionados ao prazer pode fortalecer esse hábito de ingerir bebidas alcoólicas e em alguns casos levar a dependência.
Este e outros estudos complementares podem nos ajudar a combater essa dependência do álcool, que vem crescendo cada vez mais e afetando indivíduos cada vez mais cedo na sociedade, de forma a observar a maneira como essa substância age no nosso cérebro e tentar combater esses danos causados por ele com o melhor tratamento possível.
Referências:
- De Santis, S., Cosa-Linan, A., Garcia-Hernandez, R., Dmytrenko, L., Vargova, L., Vorisek, I., ... & Ciccocioppo, R. (2020). Chronic alcohol consumption alters extracellular space geometry and transmitter diffusion in the brain. Science advances, 6(26), eaba0154.
- Topiwala, A., Allan, C. L., Valkanova, V., Zsoldos, E., Filippini, N., Sexton, C., ... & Kivimäki, M. (2017). Moderate alcohol consumption as risk factor for adverse brain outcomes and cognitive decline: longitudinal cohort study. bmj, 357, j2353.
- Folha informativa – álcool. Opas Brasil. Atualizado em janeiro de 2019 pelo https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5649:folha-informativa-alcool&Itemid=1093.The content published here is the exclusive responsibility of the authors.