Você já teve a experiência de estar no meio da multidão e reconhecer a voz de algum conhecido te chamando?
Isso é possível porque nosso cérebro tem uma incrível capacidade de selecionar uma voz de muitas pessoas na multidão. Tudo acontece no córtex auditivo, que tem a capacidade de decodificar e amplificar rapidamente uma voz específica sobre as outras.
O processo envolve o envio de sinais elétricos através do ouvido interno para o córtex auditivo, que é o centro auditivo do cérebro. Essa região é como uma organização central diante de toda a "confusão" de sons que são permeia o ambiente externo. Assim, o cérebro é seletivo para os sons capturados, pois as informações/estímulos que não são consideradas de interesse são rapidamente sobrepostas.
A organização do córtex auditivo é como uma espécie de hierarquia, com crescente complexidade em cada área de decodificação. Mas isso ainda não havia sido investigado, pois nos estudos anteriores a voz de uma pessoa (da qual a ouvinte tem interesse) é processada e não era acompanhada até o fim.
Extraído de [1]
Esse foi o objeto de estudo de um centro de pesquisa de Columbia. A investigação teve um registro invasivo em pacientes voluntários, eles tiveram que ouvir gravações com pessoas conversando enquanto suas regiões HG e STG eram monitoradas por microeletrodos implantados em áreas do córtex auditivo primário e não primário, em uma situação de interlocutores únicos ou múltiplos falantes [Figura abaixo]. A atividade cerebral no Heschl gyrus (HG) e giro temporal superior (STG) foram registrados por Eletroencefalografia (EEG) e Electrocorticography (ECoG).
Extraído de [1]
Os resultados revelam que, na ordem da hierarquia, as informações chegam primeiro no HG e depois passam para o STG e que existe uma divisão de tarefas entre as regiões investigadas. HG é a área que faz a representação e STG a seleção, mas um fator curioso é que há um papel adicional na representação, porque é capaz de formar um objeto auditivo e representar uma representação mental análoga de objetos quando ouvimos os sons.
Esse achado pode contribuir para a melhoria dos aparelhos auditivos e na busca de tornar as interfaces cérebro-máquina mais semelhantes ao cérebro.
Referências
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