NEURORESILIÊNCIA - Aprendendo a aprender e a sarar a si mesmo

Wednesday, 01 de June de 2022

Desenvolvemos nosso cérebro através do APRENDIZADO. Isso ocorre em dois estágios: ativação (tendo experiências) e instalação (consolidando essas experiências). Portanto, podemos e devemos aprender a aprender, pois essa é a potencialidade interior que cultiva todas as outras.


Seja qual for a mudança, humor, ponto de vista ou comportamento, necessita-se de aprendizado. Em torno de um terço dos nossas características estão gravados em nosso DNA, enquanto que os outros dois terços são adquiridos. Isso significa que temos total influência sobre quem SOMOS e quem nos TORNAMOS. Mas será que sabemos aprender? Somos ensinados como se aprende a aprender?
 
O que é o aprendizado? Como se aprende a aprender?
 
Seja qual for o tipo de aprendizado, abrange-se uma mudança na função ou na estrutura  do nosso cérebro. As escolas, empresas e outros locais de formação nos treinam e nos preparam de diversas formas, contudo, em sua grande maioria não nos ensinam como aprender. E qual a importância de aprender a aprender? Quando aprendemos a aprender, ganhamos a potencialidade que desenvolve as outras potencialidades do bem-estar resiliente. Vamos imaginar que as potencialidades interiores que tanto falamos são como superpoderes. Dessa forma, o aprendizado é maior dos superpoderes, pois é o que cultiva os outros.
 
Somos expostos a todo momento à diversos tipos de experiências, benéficas e maléficas. As experiências positivas nos completam, enquanto as negativas nos consomem. Essas experiências são sintetizadas a partir de cinco elementos:
PENSAMENTOS: crenças, imagens
PERCEPÇÕES: sensações, sons
EMOÇÕES: sentimentos, estados de espírito
DESEJOS: valores, intenções
AÇÕES: posturas, expressões faciais, movimentos ou comportamentos
 
Relação dessa potencialidade interior e o nosso cérebro
 
Ampliamos nossos recursos psicológicos ao experimentá-los de maneira contínua e repetida até que sejam mudanças permanentes no cérebro. Por exemplo, nos tornamos mais agradecidos, confiantes ou determinados quando vivenciamos repetidamente experiências de gratidão, confiança ou determinação.
 
Tudo na vida tende a desmoronar em algum momento, porém o que tivermos dentro de nós, sempre nos acompanhará. Da mesma forma que não desaprendemos a falar nossa língua nativa, não iremos desaprender essas potencialidades interiores que cultivarmos com o tempo.
 
As experiências dolorosas e prejudiciais tomam posição de protagonistas na consciência, enquanto as agradáveis e úteis são perdidas ao fundo, devido ao que chamamos de viés da negatividade do cérebro. Quando nos encontrarmos em situações naturais que propiciem vivenciar uma potencialidade interior, devemos desacelerar para nos concentrarmos nela e auxiliar no reconhecimento de transformação para uma experiência benéfica. Estabelecer ligações é extremamente poderoso. O cérebro aprende por associação e, no momento em que dois elementos são mantidos na consciência concomitantemente, um afeta o outro. 
 
Exercício mental: SARE A SI MESMO
 
Podemos guiar os recursos de construção de estruturas do cérebro em quatro etapas, que originam o acrônimo SARE:
S – Selecione uma experiências positiva: perceba-a ou sintetize-a.
A – Amplifique-a: continue com ela, vivendo-a plenamente.
R – Receba-a: desloque-a para dentro de si
E – Estabeleça ligações: utilize-a para amenizar ou substituir algum tipo de material psicológico doloroso e prejudicial.
 
Ocasionalmente as pessoas não estão preparadas para ter contato com seu material negativo, portanto as experiências são a base do fortalecimento mental. Existe alguma forma de enriquecer essas experiências? Sim, na verdade existem basicamente cinco maneiras:
PROLONGAR: Fique com ela pelo tempo que desejar e aguentar (sete, quinze ou mais segundos). Quanto maior o tempo, mais nossos neurônios dispararão juntos e mais tenderão a se interligar.
INTENSIFICAR: Esteja aberto à ela e permita que ela cresça na mente.
EXPANDIR: Observe o máximo de elementos da sua experiência e expanda-os.
RENOVAR: Busque aquilo de mais interessante ou diferente na experiência. Considere que está acontecendo pela primeira vez.
VALORIZAR: Busque entender por que a experiência é relevante para você, por que faz sentido e como pode ajudá-lo.
 
Saiba quais experiências você busca e, assim que as encontrar, as assimile o máximo possível. Podemos, então, aumentar a absorção dessas experiências? A resposta é SIM. De que forma?
QUEIRA RECEBÊ-LA: escolha de maneira consciente assimilar a experiência.
SINTA-A SE INTEGRAR EM VOCÊ: Permita-se entregar a ela, possibilitando que se torne parte de você.
RECOMPENSE-SE: Reconheça tudo que for agradável, tranquilizador, útil ou favorável na experiência.
 
Vale ressaltar que os três primeiros passos (S-A-R) já são satisfatórios para o aprendizado, ou seja, são a essência do aprendizado. Contudo, estabelecer ligações é muito importante. 
 
Para estabelecer ligações, é necessário ter a capacidade de manter duas coisas na consciência: dar mais destaque ao material positivo e não se deixar dominar pelo negativo. Podemos aumentar essa capacidade prática da atenção plena.
 
Quando se achar preparado, estabeleça ligações entre esses materiais (negativo e positivo) da seguinte maneira:
CONHEÇA: A forma mais leve e mais segura de se envolver com o material negativo é ter consciência dele.
SINTA: Se permita sentir o negativo, mas, se ele começar a atraí-lo, volte a se concentrar no positivo.
ENTRE NELE: Imagine ou sinta que o material positivo contagia o negativo e penetra nele.
De toda forma, seja cuidadoso e afaste a atenção do negativo se for demais para você. Descubra seus limites. A compaixão pode tocar o sofrimento.
 
 
Por que utilizar o SARE é tão importante? Depois de identificar uma potencialidade interior, podemos utilizá-lo para escolher experiências e gravá-las em nosso sistema nervoso. Não é sobre ter uma visão cor de rosa da vida, nem sobre fechar os olhos para os problemas. É sobre reconhecer que diversas vezes a vida é difícil, como por exemplo na pandemia mundial que estamos vivendo. É sobre reconhecer que precisamos de recursos mentais para lidar com as dificuldades e que podemos desenvolver esses superpoderes (potencialidades interiores) guiando o processo de aprendizado do cérebro.
 
Não se trata de pensamento positivo. É pensamento realista, é observar o mosaico completo da realidade com seus sofrimentos, dores e aflições, além de suas diversas partes tranquilizadoras, prazerosas e úteis. Podemos e devemos APRENDER A APRENDER. 
 
Stay Strong.


 
Referências
[1] HANSON, Rick; HANSON, Forrest. O poder da resiliência. Rio de Janeiro: Sextante, 2019. 256 p.

The content published here is the exclusive responsibility of the authors.

Autor: Eric Grabriel
#functionalconnectivity #stresslearningbullying #neurocognition #attentionperceptionaction #attentioncontrolconsciousness #cognitiveneuroscience #brainstimulation #neurophilosophy #motivationemotioncraving #semioticsresearch #sentienceconsciousness #decisionmaking #metacognitionmindsetpremeditation #culturalneuroscience