Neuropolítica e o poder de persuasão.
Não é de hoje que vemos a Neurociência buscando explicações para comportamentos sociais. A Neuropolítica surge para entender um pouco mais sobre o nosso comportamento, como eleitores, e sobre o processo de escolha dos candidatos; unindo conceitos básicos de neurociência, política e psicologia comportamental para construção de conceitos. Então, se vê questões que vão além das propostas secas dos candidatos e do seu julgamento ético.
Já discutimos um pouco sobre processo de tomada de decisão e sabemos que as nossas escolhas são feitas através de referências. Fazendo o tempo todo um julgamento associativo das coisas, pegamos o que se tem como certo ou referência e comparamos com o que está sendo proposto. Isso vale para tudo, inclusive para escolher um candidato para te representar. Nada melhor que escolher uma pessoa que seja o mais compatível com suas ideias.
Mas você de fato já parou para pensar o que te leva a escolher um candidato? O que pode interferir a sua escolha? Estudos recentes da Neuropolítica, feitos com EEG e Eye tracking por exemplo, nos mostram que desde a linguagem corporal ao marketing das propagandas políticas, a oratória dos candidatos e fatores sociais do seu meio podem influenciar na escolha de um partido político e/ou candidato. Fora as questões da própria tomada de decisão, que neste caso podem sofrer grande interferência/influência das suas emoções. Assim, um candidato bem preparado pode se aproveitar de todos esses pontos que trabalhar na melhor forma de persuadir o maior número de pessoas.

Ou seja, suas questões pessoais, seus pontos de referências, são responsáveis diretamente pela sua escolha. Fatores como sua personalidade, faixa etária, classe social e religião por exemplo podem alterar a sua percepção quanto às propostas do mesmo candidato. Estamos na era da informação na mão, onde toda pessoa tem acesso a qualquer assunto de forma rápida. Todos estão cheios de suas verdades e tem seus argumentos na palma da mão, com todo tipo de referência que quiser.
A problemática nisso tudo está ao acreditar que julga da melhor forma, quando na verdade se está olhando só para seus interesses próprios ou conveniências. Nosso voto deve ser pensado em alguém que tente representar de forma igualitária ao coletivo, mesmo que tenham suas diferenças. Se todos pensassem no respeito do coletivo, cada um com suas diferenças e tentando diminuir as discrepâncias, teríamos a equidade como bandeira e julgamentos menos enviesados.
Referências
FONSECA, Ana Rita Carvalho da. Neuropolítica associada ao desenvolvimento dos cartazes eleitorais em período de campanha eleitoral–Caso das eleições legislativas portuguesas de 2015. 2017. Tese de Doutorado.
LAVAREDA, Antonio; LAURENTINO, Sílvia. Neuropolítica: o desafio de identificar o impacto do inconsciente na comunicação política. In: Voto e estratégias de comunicação política na América Latina. 2015. p. 225-245.
LAVAREDA, ANTONIO. Neuropolítica: o papel das emoções e do inconsciente. Revista USP, n. 90, p. 120-147, 2011.
MENEGAT, Régis. Neuroeconomia: evidências à economia comportamental. 2016.
VIEIRA, Aiane. Os presidenciáveis na corrida eleitoral de 2014: As estratégias de Dilma Rousseff e Aécio Neves no Facebook. Revista Compolítica, v. 9, n. 2, 2019.
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