Algumas pessoas em momentos de dor combinada a fortes estados emocionais relatam analgesia naquele espaço de tempo. Isso é possível?
Existem bastante histórias sobre atletas, soldados e vítimas de tortura que sofreram ferimentos terríveis, mas, aparentemente não sentiram dor. Emoções fortes e estresse tem a capacidade de suprimir de maneira poderosa as sensações dolorosas. Como isso é possível? A supressão da dor é controlada por várias regiões encefálicas. Uma delas é uma região de neurônios (substância cinzenta), localizada no mesencéfalo, chamada de substância cinzenta periaquedutal (PAG, do inglês, periaqueductal gral matter), mostrada na figura abaixo.
A PAG recebe, normalmente, aferências de várias estruturas do encéfalo, muitas das quais são responsáveis pela transmissão de informações relacionadas ao estado emocional. Os neurônios da PAG enviam axônios descendentes para várias regiões situadas na linha média do bulbo, principalmente para os núcleos da rafe (cujos neurônios liberam o neurotransmissor serotonina). Esses neurônios bulbares projetam os axônios, por sua vez, para os cornos dorsais da medula espinhal, onde podem deprimir de maneira eficiente a atividade dos neurônios nociceptivos (que são os responsáveis pela transmissão dolorosa até o encéfalo).
Ou seja, emoções muito fortes também podem afetar os aspectos sensoriais da dor por meio de uma via modulatória. Além da PAG, a amígdala também tem influência nesse processo. É interessante ressaltar, que a estimulação elétrica da PAG pode causar analgesia profunda, com isso, essa condição tem sido bastante explorada clinicamente. Mais porque ela tem esse “poder?
Com isso, naquele momento de forte emoção o indivíduo não consegue “perceber” a dor. Mas vale ressaltar que a dor existe, o indivíduo são não a percebe, porque esse conexão dos receptores dolorosos (nociceptores) com o encéfalo, para então a dor ser processada foi inibida. Quer entender mais sobre dor e seus mecanismos fisiológicos? Acesse esse blog.
Ah, é muito importante destacar que muitos estudos tem usado EEG detectar padrões cerebrais de individuos em momentos de dor, especialmente dor crônica. Você sabia que dispomos desse produto na nossa plataforma? Clique aqui e confira.
Referências
BEAR, Mark F. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
CAI, You-Qing et al. Brain circuits mediating opposing effects on emotion and pain. Journal of Neuroscience, v. 38, n. 28, p. 6340-6349, 2018.
MEIER, Michael Lukas e col. O impacto do medo relacionado à dor nas vias neurais de modulação da dor na dor lombar crônica. Relatos de dor , v. 2, n. 3 de 2017.
THOMPSON, Jeremy M.; NEUGEBAUER, Volker. Cortico-limbic pain mechanisms. Neuroscience letters, v. 702, p. 15-23, 2019.
The content published here is the exclusive responsibility of the authors.