A doença de Alzheimer caracteriza a maior parte dos casos identificados de demência no mundo. A patologia é caracterizada por déficits de memória (queixas de esquecimento) e em outras funções, como funções executivas, prejuízo em atividades da vida diária, baixa atencional e até mesmo mudanças comportamentais.
Como a doença se desenvolve ainda é tema de investigação por pesquisadores do mundo todo, entretanto existem alguns fatores, conhecidos como “fatores de risco", que aumentam as chances de desenvolvimento da patologia.
Alguns dos fatores de risco são bem documentados pela ciência, como a presença do gene apoliproteinaE, especificamente o alelo 4, forma de alimentação – como dietas ricas em alimentos ultraprocessados, anos de escolaridade, status socioeconômico e gênero, visto que a doença parece afetar mais pessoas do sexo feminino quando comparados casos de provável diagnostico.
Recentemente, um cientista do Instituto de Química da USP de Ribeirão Preto, em pesquisa que busca investigar o efeito cerebral do consumo regular de alguns compostos, como o diacetil – substância utilizada para dar aroma e gosto em algumas pipocas de micro-ondas, mas presente também em cafés, chocolates e iogurtes – revelou que a ingestão em excesso pode representar um novo fator de risco para a doença de Alzheimer. O estudo foi desenvolvido com 12 ratos (6 que fizeram uso do composto por 90 dias, e 6 que utilizaram uma substância placebo). Calma! Não precisa se desesperar! O que os cientistas observaram foi que o consumo constante e em excesso pode desregular ou modificar a estrutura de cerca de 46 proteínas cerebrais (entre as 48 estudas), entre elas estão as proteínas beta-amiloides, conhecidas como fator histopatológico para a doença de Alzheimer. O estudo faz parte da tese investigada por Lucas Ximenes, que integra o programa de doutorado do Instituto.
Ao fazer análises histológicas, ainda que de forma preliminar, o doutorando descobriu que algumas regiões são mais afetadas que outras, como o hipotálamo – órgão responsável por manter a homeostase do organismo.
A pesquisa segue em desenvolvimento, e os resultados preliminares indicam que o consumo de diacetil deve ser realizado com moderação.
Pesquisas como esta, que realizam análises cerebrais, necessitam de procedimentos histológicos para serem concretizadas. Formas menos invasivas de se estudar o que acontece no cérebro incluemo uso de equipamentos como eletroencefalograma (EEG), Espectrografia Funcional de Infravermelho Próximo (fNIRS) e imagem por ressonância magnética funcional (fMRI). Referências
FONTES, H. Estudo Reforça que Comer Muita Pipoca de Micro-ondas Pode Causar Alzheimer. Instituto de Química de São Carlos, 2022. Acesso em maio 1, 2022.
FREITAS, E.; PY, L. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
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[S.I].Testes em ratos apontam que consumo excessivo de composto presente na pipoca de micro-ondas pode causar Alzheimer, diz USP. G1, 2022. Acesso em maio 1, 2022.
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