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A Síndrome do Impostor (SI) é conhecida por gerar crenças de que o sucesso alcançado, seja uma nota alta ou promoção no trabalho, não é merecido. Os indivíduos que apresentam a síndrome internalizam que são uma fraude e vivem com o medo constante de serem expostos (Chandra et al., 2019).
O distúrbio é associado ao estresse psicológico e pode aparecer como comorbidade a transtornos como ansiedade, depressão e burnout.
Ainda que as pessoas que manifestam esses sintomas sejam pessoas de sucesso, elas não conseguem enxergar objetivamente os ganhos e traçam objetivos impossíveis de serem alcançados. Chandra e colaboradores (2019) explanam em sua pesquisa cinco diferentes divisões da síndrome:
SI - Pefeccionista: para pessoas com esse subtipo competência é igual a perfeição. Esses indivíduos tendem a pensar que tudo sempre poderia ter sido feito de forma melhor.
SI - Genial: nessa classificação, a competência é medida pela facilidade em completar a tarefa em questão. Sentem que o sucesso deveria ser atributo natural e, portanto, perseverança é considerada um traço negativo.
SI - Superhomem/mulher maravilha: competência é percebida como a capacidade de realizar de forma bem-sucedida diversas tarefas ao mesmo tempo.
SI - Expert: competência seria a quantidade de conhecimento sobre determinado assunto.
SI - Solitário: para estes, competência existe apenas em atividades que possam completar sozinhos, sem nenhum tipo de ajuda.
É estimado que cerca de 70% das pessoas experienciarão sentimentos característicos da síndrome ao menos uma vez na vida. Além disso, a literatura da área sugere que a gravidade dos sintomas pode ser maior em mulheres.
Aqueles que expressam a síndrome vivem sob constante pressão e exaustão emocional. Além disso, podem desenvolver sintomas como despersonalização, baixa autoestima e autoconceito negativo. Um traço comum aos subtipos é a presença de traços maladaptativos como a procrastinação.
Quanto ao manejo, o primeiro e mais essencial passo é reconhecer que os pensamentos de fracasso são gerados por uma doença. Nomear o problema abre espaço para diálogo e para percepção de que você não está sozinho(a). Compartilhar o que está sentindo com pessoas de confiança, pedir feedback de pessoas que admira, praticar a autocompaixão e prática de parada do pensamento são algumas estratégias que podem ser utilizadas para ajudar a lidar com a SI.
Apesar de documentada na literatura, os mecanismos neurobiológicos que explicam a SI ainda não são bem conhecidos, e a doença ainda não é indicada pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). Para reconhecimento do distúrbio, novas pesquisas são necessárias. Nesse sentido, equipamentos como EEG e fMRI podem ser de grande valia para desvendar os caminhos cerebrais pelos quais a síndrome ocorre, auxiliando no diagnóstico precoce e tratamento eficaz.
Referências
Chandra, S., Huebert, C., Crowley, E., & Das, A. M. (2019). Impostor Syndrome: Could it be Holding You or Your Mentees Back? Chest. doi:10.1016/j.chest.2019.02.325.
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