Você já pensou na importância que as emoções tem na nossa vida? As experiências emocionais são uma grande parte do ser humano. Para valorizar o significado das emoções, tente imaginar a vida sem elas. Em filmes e livros de ficção, alienígenas e robôs podem ter uma aparência igual a de pessoas, mas, em geral, parecem não humanos simplesmente porque não mostram ter emoções. Dessa forma, sem emoções em vez experimentarmos altos e baixos diários a vida provavelmente nos pareceria uma grande planície vazia de existência, com pouco significado.
Emoções – amor, ódio, felicidade, tristeza, medo, ansiedade, e assim por diante – são sentimentos que todos experimentamos em um momento ou outro da nossa vida. As neurociências afetivas investigam as bases neurais da emoção e do humor. Ainda não estamos no estágio em que possamos mapear um sistema emocional da mesma maneira que os sistemas sensoriais tem sido delineados. Mas, sabe-se do envolvimento de um sistema chamado de sistema límbico, nesse processo. Cientistas desenvolveram teorias para as bases fisiológicas da emoção e para a relação entre expressão e experiência emocional.
MAS, DE FATO, EMOÇÕES SÃO UMA EXPERIÊNCIA CONSCIENTE OU INCONSCIENTE?
Essa questão é bastante debatida em estudos de neurociência. Então, vamos falar de algumas pesquisas envolvendo esse assunto:
Em um experimento, foram mostradas aos participantes várias faces, sem estímulos que efetuassem o mascaramento, e cada vez que uma face zangada era mostrada, os participantes recebiam um leve choque elétrico em um dedo. Após tal condicionamento aversivo, os participantes demonstravam atividade neurovegetativa alterada, como aumento na condutância da pele (palmas suadas), quando faces zangadas eram mostradas novamente. Os pesquisadores estavam interessados no que ocorreria quando faces zangadas fossem ocasionalmente mostradas após o condicionamento, mas mascaradas, isto e, com a reintrodução do estimulo que efetua o mascaramento. Surpreendentemente, quando as faces zangadas eram mostradas, os participantes apresentavam uma resposta neurovegetativa (aumento da condutância da pele), mesmo que não estivessem conscientes da face zangada. Esses achados indicam que os participantes respondiam às expressões de raiva da face que representava o estímulo aversivo, mesmo que não estivessem conscientes de terem percebido o estímulo. O conceito de uma emoção inconsciente baseia-se nessa observação.
Em outro experimento, foram mostradas faces de indivíduos com raiva aos participantes ao mesmo tempo em que era emitido um som alto e desagradável, ou sem esse som. Como antes, os participantes não percebiam as faces raivosas quando um estimulo “que o mascarava” era apresentado. Ainda assim, medidas da condutância da pele mostraram que os participantes respondiam as faces raivosas que haviam sido pareadas com o som. Além disso, enquanto as fotos eram apresentadas foi utilizado o imageamento usando tomografia por emissão de positrons (TEP). Essas imagens do encéfalo mostram que as faces zangadas, condicionadas a serem desagradáveis, evocavam uma maior atividade no da amigdala no encéfalo.
Se sinais sensoriais podem apresentar impacto emocional no encéfalo sem estarmos cientes deles, isso parece descartar teorias nas quais a experiência emocional e um pré-requisito para a expressão da emoção, no entanto, mesmo aceitando essa conclusão, há muitas maneiras possíveis para o encéfalo processar informação emocional.
Outro estudo procurou entender como as respostas emocionais e cognitivas diretas e inconscientes estão subjacentes às preferências de destinos de viagem. Foram utilizadas ferramentas e métodos de neurociência, incluindo rastreamento ocular estacionário e eletroencefalografia de varredura cerebral (EEG) para avaliar respostas emocionais e cognitivas às imagens e ativos de destino. Diferenças emocionais e cognitivas gerais foram identificadas entre os canais pelos quais os destinos de viagem são apresentados. Palavras e nomes de destinos de viagem causam cargas cognitivas mais altas, o que pode não ser surpreendente, dada a maior carga associativa que as palavras têm do que as imagens. De particular interesse é a hipótese de que as imagens evocam respostas afetivas mais fortes do que as representações verbais. No entanto, como observado anteriormente as evidências empíricas para essa suposição parecem surpreendentemente esparsas. O presente estudo e o contexto fornecido aqui sugerem que as decisões sobre o destino da viagem têm um componente inconsciente e um componente direto que pode conduzir ou afetar a preferência aberta e a escolha real.
Avanços recentes na neurociência cognitiva e afetiva forneceram novas ferramentas e modelos para o estudo de respostas emocionais e cognitivas inconscientes e para a compreensão do pensamento e da ação humanos. Isso levou ao recente surgimento de esforços multidisciplinares, sob títulos como "neuroeconomia" e "neuromarketing". Essas abordagens mantêm a promessa de uma abordagem incomparável para entender e medir os fatores inconscientes da tomada de decisão humana. De fato, estudos iniciais demonstraram essa viabilidade. Por exemplo, descobriram que as marcas atribuem valor a um refrigerante anônimo, recrutando as principais estruturas de memória do cérebro. Ainda mais revelador, relataram que o cérebro já responde durante a percepção do produto e, segundos antes da escolha volitiva real e experiente, prediz a escolha real, sugerindo que processos cerebrais inconscientes que ocorrem durante a visualização do produto tiveram um impacto significativo na escolha real. Juntos, esses e muitos estudos subsequentes demonstraram que processos cerebrais inconscientes podem substituir ou criar preferências e escolhas conscientes.
"Os sentimentos não devem ser lógicos. Perigoso é o homem que racionaliza suas emoções" (David Borenstein)
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Referências
BEAR, Mark F. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BURKITT, Ian. Emotions, social activity and neuroscience: The cultural-historical formation of emotion. New Ideas in Psychology, v. 54, p. 1-7, 2019.
MICHAEL, Ian et al. A study of unconscious emotional and cognitive responses to tourism images using a neuroscience method. Journal of Islamic Marketing, 2019.
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