Episódio de Black Mirror com Tomada de Decisão influencia a mente do telespectador
“Quando você se olha no espelho, o que você vê? Você vê o seu verdadeiro eu, ou o que você foi condicionado a acreditar que é você? Os dois são tão diferentes. Uma é uma consciência infinita capaz de ser, criar e recriar o que quer que escolha, a outra é uma ilusão aprisionada por suas próprias limitações percebidas e programadas.” -David Icke
O recém episódio “Bandersnatch” da série Black Mirror lançado no final do ano incorpora um elemento a cinematografia pouco usual: a tomada de decisão.
Abandonando os padrões e a passividade de ser apenas um observador na estória, em “Bandersnatch” você traça a diretriz e o rumo da filmagem. A interatividade empodera a tomada de decisão do telespectador e força o indivíduo a um processo cognitivo, ou seja, mental para seguir a estória.
Existe muito mais de ciência e controle mental em “Bandersnatch” do que se possa sugerir. Com múltiplos finais, a riqueza da obra só é bem explorada se tomar diferentes combinações de decisões.
A forma como essas decisões são formadas na nossa mente já vem sendo estudadas e muitas ligações importantes sobre o impacto do episódio “Bandersnatch” e a ciência do cérebro podem ser feitas.
No vídeo abaixo discutimos como a neurociência estuda a tomada de decisão em humanos e modelos animais.
Argumentos adicionais
O argumento do filme é solido, eles conseguem que os televidentes fiquem enganchados com o personagem principal fazendo que ele vire um fantoche das opções que o televidente toma por ele. Mais, durante o desenvolvimento do episódio, é evidente que o Stefan, faz parte de um experimento no qual se procura evidenciar a relação entre a memória e a emoção. Estes aspectos, foram muito superficiais no conteúdo de Bandersnatch, são a causa do enredo principal. A discussão, então, estaria mais ligada aos aspectos éticos. Sabemos que hoje em dia as ciências da saúde não permitem este tipo de experimentos nos humanos, posto que, como visto no episódio, podem desencadear condutas e transtornos afetivos graves. Lupian y colaboradores, (2011), fazem uma discussão sobre como a separação materna forçosa poderia gerar modificações estruturais no Hipocampo (estrutura cerebral responsável pela formação da memoria espacial e a aquisição da memória episódica), mais não na amigdala (estrutura cerebral responsável pela formação de memorias emocionais e reatividade emocional). Por outro lado, eles aclaram que a amigdala pode sofrer modificações logo de eventos traumáticos. Estas modificações podem resultar em problemas emocionais como ansiedade depressão e incluso agressividades extrema como também mostrado no episódio. Tudo isto poderia influir no processo de toma de decisão, como mostram Hasselt e colaboradores, (2012), onde eles concluem que o cuidado materno, ou a ausência deste, poderia ter influência na toma de decisão no sujeito adulto.
Referências dos artigos citados: - Mariano, T. Y., Bannerman, D. M., McHugh, S. B., Preston, T. J., Rudebeck, P. H., Rudebeck, S. R., ... & Campbell, T. G. (2009). Impulsive choice in hippocampal but not orbitofrontal cortex‐lesioned rats on a nonspatial decision‐making maze task. European Journal of Neuroscience, 30(3), 472-484. - Horat, S. K., Prévot, A., Richiardi, J., Herrmann, F. R., Favre, G., Merlo, M. C., & Missonnier, P. (2017). Differences in Social Decision-Making between Proposers and Responders during the Ultimatum Game: An EEG Study. Frontiers in integrative neuroscience, 11, 13.
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