Alimentação e depressão, existe relação?

Tuesday, 18 de January de 2022

O estresse é causado quando condições adversas geram respostas fisiológicas no indivíduo na intenção de manter o equilíbrio, a homeostase. Como sabemos, em condições normais o estresse tem natureza protetiva, porém, dependendo da frequência e intensidade pode gerar muitos problemas, um deles, por exemplo, pode ser o transtorno depressivo. Você sabia que a depressão pode estar a sua alimentação?


O transtorno depressivo ou depressão, é um distúrbio neuropsiquiátrico que tem acometido um número cada vez maior da população afetando mais de 300 milhões pessoas no mundo, sendo classificada pela OMS como a doença mais incapacitante do mundo, tratando-se de um problema de saúde emergente. Seus principais sintomas incluem humor deprimido; anedonia, diminuição de autocuidado, interesse social diminuído.

Além dela já ser um transtorno muito prevalente e preocupante, podemos ver nesse período de pandemia que os números de pessoas com depressão praticamente dobraram. mesmo esse transtorno sendo um dos importantes problemas de saúde global, sua complexa patogênese ainda não é totalmente compreendida e várias teorias já foram propostas para explicar a etiopatogênese da depressão, destas, as mais conhecidas a hipótese monoaminérgica da depressão; a neurotrófica; neuroinflamatória; neuroendócrina; estresse oxidativo e microbiota intestinal.
 
  • Monoaminérgica - o humor está fortemente relacionado aos níveis de liberação de neurotransmissores do tipo monoaminas no encéfalo (serotonina, dopamina, noradrenalina e adrenalina).
  • Neurotrofica: que associa a redução da expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) com a depressão.
  • Neuroinflamatória: Segundo essa hipótese, a depressão estaria relacionada a um estado neuroinflamatório crônico associada ao estresse.
  • Neuroendócrina: O estresse está intimamente relacionado ao eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e ao sistema simpático-adrenal. A exposição ao estresse crônico e de alta intensidade desregula esse eixo.
  • Estresse oxidativo: o excesso de radicais livres, pode ser tóxico e prejudicial a células (DNA, membranas) podendo resultar em morte celular (radicais livres passam a oxidar células saudáveis) e tem sido muito relacionado a depressão.
  • Microbiota intestinal: de acordo com essa hipótese o eixo intestino-cérebro pode ser o elo perdido na etiopatogenia da depressão. Um dos fatores que afeta a microbiota (microrganismos presentes no trato gastrointestinal) é a dieta.
 
Estudos recentes destacaram fatores relacionados a alimentação como agentes importantes no cérebro, demonstrando uma relação direta com transtornos psiquiátricos de humor, como a depressão. E com isso, já mostraram terapias de restrição alimentar agindo para melhorar a depressão. Dentro desse grupo, destaca-se o jejum e a restrição calórica.


                                                                              Fonte: Ipac.com.br (2021)



A restrição calórica pode ser definida como a ingestão calórica abaixo do habitual (30 a 40% menos calorias) que não leve à desnutrição. Já o jejum intermitente restrição de comida por um tempo, onde não disponibilizado alimento por 12h. Vários resultados interessantes associando essas terapias de jejum e restrição calórica já foram mostrados na literatura, melhorando vários aspectos relacionados a depressão. Como aumento da disponibilidade de triptofano e serotonina no cérebro, aumento de BDNF, diminuição de citocinas pro inflamatórias, aumento do nível dos receptores de glicocorticoides, entre outros. Embora já se saiba que a restrição alimentar produz efeitos benéficos em vários sistemas relacionados a neurobiologia da depressão esses mecanismos não são totalmente compreendidos e geralmente são mostrados com a restrição calórica ou o jejum intermitente e não com a restrição alimentar. Por isso, visamos aprofundar melhor esse cenário. Além disso, a maioria dos estudos não visualizam os efeitos crônicos da restrição alimentar e eles precisam ser cuidadosamente estudados. Somado a isso, a avaliação da microbiota em animais depressivos submetidos a restrição alimentar também não é muito estudada na literatura.

 

Sendo assim, vamos cuidar direito da alimentação, ela tem um potencial riquíssimo para o cérebro!!!

 


Referências

MANCHISHI, S. M. et al. Effect of caloric restriction on depression. Journal of cellular and molecular medicine, v. 22, n. 5, p. 2528-2535, 2018.


MARTIN, C. K. et al. Effect of calorie restriction on mood, quality of life, sleep, and sexual function in healthy nonobese adults: the CALERIE 2 randomized clinical trial. JAMA internal medicine, v. 176, n. 6, p. 743-752, 2016.

MATTHEWS, T. et al. Social isolation, loneliness and depression in young adulthood: a behavioural genetic analysis. Social psychiatry and psychiatric epidemiology, v. 51, n. 3, p. 339-348, 2016.

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Autor: Livia Nascimento Rabelo
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